“Correr a foguetes” é uma curiosa expressão popular que significa,
entre outras coisas, cansar-se por coisas inúteis.
Vem isto a propósito das notícias falsas que circulam, à compita com os
“memes”, por essas rodovias digitais com o mesmo à vontade dos drones sobre os
campos de aviação e aeroportos.
Se se trata de brincadeira, é de mau gosto, porque alguém sai
comprometido, e esse alguém não é o editor-sombra da coisa; engana os tolos e
os sisudos, os prevenidos e os desprevenidos muito mais. Causa embaraços,
dissabores, põe em causa a democracia e o bom nome dos visados.
Se se trata de coisa séria, só pode ser com intuito de ludibriar e
confundir, na maioria das vezes com finalidades miserandamente obscuras.
Ainda estou para saber – e à espera que o Polígrafo o esclareça – sobre
um tal médico que se dispôs a desempenhar o serviço de anestesista na
Maternidade Alfredo da Costa (ainda por cima, onde eu nasci), pela soma de 500
euros à hora ou se, como a versão oposta afirma, ele terá dito que nem por 500
euros à hora! A ser verdade, isto não é propriamente correr a foguetes; antes,
sendo uma variação imprevista do Juramento de Hipócrates, é correr ao mergulho
do arco-íris, onde a tradição assegura haver por ali um pote de ouro. Se é
notícia falsa, e vindo de onde veio, até me custa a crer que uma tutela possa
lançar esta perplexidade, imitando decerto os tais noticiosos da sombra.
Quanto à falsidade das notícias, para mim, que assino e subscrevo tudo
o que publico, a coisa não enquadra no meu carácter. E como estamos em maré de
querer alterar os provérbios – pelo que já li qualquer coisa sobre esta
alarvidade relativamente aos animais – vou mexer num e introduzir mais um elemento, o das “notícias
falsas” ou "fake news" (com um pedido de desculpas ao feminismo, embora o rifão já assim o
diga): “fake news”, ditos de criança e repentes de mulher, aproveite-os quem
quiser.