Um relatório anual de segurança interna, dito RASI, que
significa Relatório Anual de Segurança Interna, dá conta de que as “tesourarias”
colocadas à beira e por cima das estradas (nem sei se por baixo), eleva a
receita na razão directa do aumento dos condutores com o pé direito de chumbo.
O tal RASI – que eu diria RASIA, se tivesse Z (Relatório
Anual de Segurança Interna Automóvel) – dá-nos estes números, sinal de que, em questão
de fotografias às chapas de matrícula, é o que está a dar: 47.690 condutores
perderam pontos na carta de condução em 2018 (eram só 47.689, não fosse alguém
da minha casa ao “fotógrafo”), significando um aumento de 166% em relação a
2017, altura em que totalizaram 17.925. Houve uma subida de 125% das infracções
graves.
Leram bem: 166 por cento e 125 por cento!
Aumentou assim tanto o parque automóvel circulante? Os
condutores são mais aceleras em 2018 do que eram no ano anterior? Diminuíram os
acidentes rodoviários, mortes e feridos nas estradas?
A resposta será “não”, sendo diferente se a interrogação
vier assim: aumentou o número de “tesourarias” fixas e móveis nos muitos
circuitos de abrandamento abrupto de velocidade em estradas mal ou
deficientemente construídas? Não é suficiente o valor das “chapas” nos
pórticos, onde se paga por circulação em auto-estrada quando parte da via é em
IP?
Suponho que estão livres destas faltas aqueles que conduzem
o automóvel à guisa e ao andamento do elefante conduzido pelo seu cornaca. Mas
a sua pachorra de sorte virá a diminuir os acidentes em tal matéria e não lhe
garante entrada no céu. Pelo contrário, à soma de fotografias, vão-se
esboroando os pontinhos na carta de condução, os quais, à semelhança das “vidas”
nos jogos de computador, conduzem inevitavelmente ao “game over”, melhor dizendo, ao “driving over”. E ainda há os espertos que se valem das licenças de
familiares e amigos, certamente no panteão de gavetões com aranhas de plantão à
guarda.
A trilogia de escrever um livro, plantar uma árvore e fazer
um filho, já passou à História; nos dias de hoje, será melhor coleccionar uma
multa por excesso de velocidade, fazer um dia de greve e tirar uma “selfie” com
o presidente de todos os portugueses e mais um. Talvez o mais difícil na
trilogia será fazer um dia de greve, pelo menos para aqueles que nem sequer
emprego têm.