O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, sugeriu
qualquer coisa como isto: as aldeias ribeirinhas do Baixo Mondego vão acabar
por ter de mudar de sítio, para sair das zonas de risco. E acrescentou, como
aviso: “paulatinamente, as aldeias vão ter que ir pensando em mudar de sítio
porque não esperemos que esta capacidade que temos possa vir a crescer. Isso é
o contrário da adaptação". Ou seja, tal como nas lendas, em que as
formigas obrigaram as aldeias a afastarem-se dos leitos de água, a deslocação
das aldeias do Mondego não pode ser tabu, embora não tenha um plano A, B ou C.
A solução - nem sei se acredite nisto - pode passar por
rebocar as casas para uns metros mais longe das margens, tantos os que os cálculos do
ministro determinem.
Tudo isto, como é evidente, devido à culpa das alterações
climáticas e do degelo, que afectarão principalmente o rio Mondego, o que não
acontecerá na costa portuguesa e muito menos onde teimam em instalar o
aeroporto do Montijo, onde já há plano para subir a cota em 5 metros, à
cautela, sem necessidade de deslocalização. Suponho até que esse plano preveja
a construção do aeroporto sobre estacas, tipo aldeia palustre asiática.
Este aviso servirá para as cidades à beira-mar, se os santos
da costa não as protegerem como protegem o ministro. Subindo o nível do mar,
como prevêem os cientistas sibilinos - já terá o Mondego a designação de maior
rio da Europa - deslocam-se as cidades para sítios onde os habitantes possam
andar nas ruas sem molharem os pés.
Se alguém tem pachorra para aturar isto, continue, pois a
mim, que me canso de ouvir tanto disparate, já me falta…
Falta-me avisar – pois também tenho direito a publicar
avisos – que a montagem feita na imagem é pura coincidência futura com uma
pessoa que me parece real numa revista irreal, bem como os “santos da costa”
coincidirem, na designação, com os apelidos do primeiro-ministro. Já cheguei à
conclusão que, tal como estamos, será melhor sorrirmos para não chorarmos,
embora o povo tenha outro rifão, que diz “para pior, já basta assim”.