quarta-feira, 13 de março de 2019

LER E SENTIR

Há um blogue que eu estou a seguir e que recomendo, da autoria da Dra. Maria do Rosário Pedreira, diariamente presente com artigos de grande interesse. Trata-se de uma lufada de ar fresco, diária, pela manhã. Para mais, é redigido por quem sabe escrever e por quem conhece o mundo da literatura
O de hoje levou-me a fazer um comentário e a recordar o passado, comentário esse que reproduzo aqui. Recomendo a leitura desse blogue, designadamente do "post" de hoje (que não reproduzo neste por não ter pedido autorização), mas que encaminho através do link:

https://horasextraordinarias.blogs.sapo.pt/literatura-e-empatia-506988

Segue reproduzido o meu comentário:

"Era eu ainda muito jovem, esperava a carrinha da Gulbenkian, onde um senhor que tinha o dobro da minha altura (pudera, era adulto!), me indicava qual ou quais os livros que eu "devia" ler. Como sempre fui do contra e a pensar e decidir por mim, dava-lhe a volta e lá o convencia . Só não o convenci quando eu queria trazer o "Náusea" do Sartre e ele fez finca-pé. Certa vez, teimei trazer o Stefan Zweig, "Um Coração Destroçado", julgo que traduzido por Alice Ogando. Marcou-me! Tenho na lembrança cair em choro durante alguns trechos da leitura...
Outro livro que me marcou foi o "Adeus às Armas" de Hemingway e um "Robinson Crusoé", este último que a minha mãe me comprou como prenda, coisa rara.
A leitura deixa marcas; as minha foram no sentido de me tornarem melhor, não só por sentimentos avivados como por me transformarem como homem em crescimento, para além de me instruírem sobre a forma e o cuidado, pois pretendia imitar (de longe) os grandes escritores.
Aos quatro anos já lia - frequentei uma escola caseira gerida por uma professora aposentada, em Alverca do Ribatejo. Quando entrei na escola oficial, a professora servia-me como exemplo aos mais relapsos e atrasados no programa, o que hoje vejo como negativo em relação aos ditos (eu já ia industriado pela tarimba precoce, não vejo isso como equidade e comparação).
Ler é uma droga que se toma em doses. Ler é uma droga boa, para mim necessária tanto quanto o é escrever e desenhar, conviver, sonhar. Uma droga, sim, que não me destrói, mais me anima e me mantém activo. Ler faz parte do meu dia a dia, nas horas ordinárias e nas horas extraordinárias; e hoje, mais maduro, nem distingo umas das outras".

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