quarta-feira, 8 de abril de 2020

DITOS OCOS, OUVIDOS MOUCOS


Imagine-se que um casal de assaltantes invade uma casa, alimenta-se da sua despensa, utiliza os móveis e procria qualquer coisa como uma descendência superior em dez vezes à do lendário Padre Costa de Trancoso. E olhem que, nesta lenda, tal sacerdote fez gerar 299 filhos em 53 mulheres!
Agora imaginem que, tornando-se rapidamente adultos, esses filhos assaltam todas as casas que encontrem e em que possam entrar e também procriar.
É este o modo de vida do invisível Corona, cujo destino parece dar razão à bíblica caracterização da multiplicação geracional.
Sendo assim, este vírus procura hospedeiros vivos, saudáveis ou doentes tanto monta. Morrendo o hospedeiro, também não sobrevive, pelo que a sua função não é assassinar, mas viver por conta, o que já fazem alguns exemplares humanos.
Apanhando-se a entrar pelas portas e janelas, que são boca, nariz e olhos, o vírus agarra-se ao sistema respiratório como hera a um tronco. Dá-lhe o Demo artes para se manter oculto o tempo suficiente para se espalhar por outros hospedeiros.
Há até quem acredite que o Corona não é um organismo vivo, o que me custa a acreditar. Se ele se multiplica – como o fazem os animais e plantas – é, como dizem, uma molécula de proteínas? E evoluem da forma como estes vírus o fazem? Nunca vi um pedregulho criar mais pedregulhos, a não ser que se lhe dê com uma marreta! Os teóricos cientistas, consideram mesmo que é uma partícula inactiva, que não se reproduz e que apenas consegue a sua replicação injectando o seu DNA para formar partículas virais numa célula do hospedeiro vivo.
Pelo que constato, pouco se sabe desta enigmática coisa para além do nome, o que se assemelha a baptizar um afilhado sem se conhecer ou sem saber se existe como ser vivo.
Até lá, anda-se à cata da sua origem, como a polícia londrina andou em busca da identidade de Jack, o Estripador. Aqui ainda há mais confusão: ora se diz que proveio de um morcego, também de um pangolim ou de ambos em conjunto; e ainda há a teoria da conspiração, julgo eu completamente disparatada e resultante de desinformação, afirmando gente do reino do “brexit” que a coisa foi originada pela técnica de comunicações 5 G, o que levou alguns ingleses a queimarem as torres de frequência da nova geração recém-instaladas no país. Juntando dois com três, lá se chega aos cinco, e o disparate poderá ir mais longe, assegurando eventualmente algum bestunto boateiro que no mercado de animais vivos de Wuhan existiria um suposto laboratório daquela tecnologia, talvez inspirada na comunicação dos morcegos.
Parece-me que a confusão gera estes ditos. Quem saberá se eu, com estes arrazoados, não contribuo inadvertidamente para eles. Como costuma dizer a sabedoria popular, “ditos ocos, ouvidos moucos”.


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