domingo, 5 de julho de 2020

CONFINADOS E CONFINÓRIOS


A coisa estava a ir bem durante a fase de se fechar em casa o maior número de pessoas. Mais no Sul do que no Norte, a julgar pelos números. Acabou o desconfinamento, virou-se o bico ao prego: os números começaram a rodar para diante, o Sul teima em ultrapassar o Norte em número de casos.
Já não é apenas uma contingência grave de saúde, é uma emergência de economia, também grave.
Para piorar as coisas, o Reino Unido, que tem sido na Europa um dos do pódio no maior número de casos, resolveu moralizar os seus ilhéus, ameaçando-os com uma quarentena se resolverem viajar para alguns países, incluindo Portugal. Sem moralidade para impor este rigor, o governo inglês exige dos outros aquilo que não pratica e, vai daí, resolver farpar o seu velho e relho “aliado”.
Quando Napoleão exigiu a Portugal que fechasse os portos aos ingleses, confinando o território aos ditos num chamado bloqueio continental, com quem estava em guerra, Portugal obedeceu à “aliança”, desobedeceu ao bloqueio, e viu-se invadido pelas tropas napoleónicas.
Quando Portugal tinha em África pretensões colonialistas, não tanto como os “aliados”, estes enviaram um “ultimatum”, que a Monarquia portuguesa aceitou sem fazer barulho, confinando um mapa “cor-de-rosa”.
Quando os alemães incendiaram a Europa com uma guerra que se tornou mundial, os “aliados” pediram a Portugal para aprisionarem os navios alemães que se encontravam ancorados nos seus portos. E Portugal obedeceu, confinando nos seus portos navios e homens, entrando no conflito.
No meu modesto entender, parece-me que tem de ser revisto aquele tratado, porque só parece funcionar para um dos lados… e não é o nosso. Em todo este confinamento pandémico, parece-me que continuamos a ser vítimas, cá dentro e lá fora, de outros pandémicos confinórios.

2 comentários:

  1. Os nossos velhos aliados, "a mais antiga aliança", que sempre nos tramam, mesmo quando pareceria fácil estar ao nosso lado. Talvez por isso tivesse muita razão de ser a letra original do nosso hino "contra os bretões// marchar, marchar"

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  2. Parece que, por agora,os bretões aceitaram a realidade, porque aquilo já não era um confinamento entre países, mas um confrontamento (confrontação).
    Fizeram o mesmo à França, mais recentemente; mas o francos recorreram aos princípios de Talião e... retaliaram.

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