Este é um trabalho que realizei há uns anos, ilustrando contos tradicionais portugueses. Aplica-se em muitas situações, mutatis mutandis, pelo que a piada está na esperteza de quem resolve uma contenda sem a resolver.
sexta-feira, 21 de março de 2025
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
TRUMP VAI NU
Costuma-se dizer que o rei vai nu
quando se recorre a um conto de Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês,
que narra a vaidade de um rei que cedeu a “vestir” os fatos invisíveis
preparados por dois alfaiates impostores e ficavam invisíveis diante de
qualquer pessoa que não fosse qualificada para o cargo que ocupava; para os
outros, o rei ia mesmo em pelota.
Ora, o senhor Trump parece ter
vestido um desses fatos, fazendo de rei, porque me parece que o é. Talvez num
conto de fadas, ficaria bem… retratado.
A foto apresenta Donald Trump com
uma coroa, tendo a mesma gravura sido publicada na conta oficial da Casa Branca
no Instagram. "Longa vida ao rei", pode ler-se na imagem
protagonizada pelo presidente norte-americano.
Na sua conta no X, do amigo do
rei, a cantora Madonna também viu a foto e escreveu: "Este país [EUA] foi
construído por europeus que fugiam ao domínio de um rei, para estabelecer um
Novo Mundo, governado pelo povo. Temos um presidente que se autointitula de
rei. Se isto é uma piada eu não me estou a rir", rematou a cantora.
Dotado de um estilo assim
facetado, torna-se ridículo este “rei”. Não sei se a trunfa em forma de pala
lhe ficaria melhor por dentro da coroa ou, como o próprio quererá, ameaçadoramente
para fora, como um estilete.
Também não me dá vontade de rir.
sábado, 15 de fevereiro de 2025
PARLAMENTAR OU PARA LAMENTAR?
Por vezes, aquelas bancadas parlamentares, com os urros,
bater de mãos e pés, apartes e esbracejares, lembram-me os 7277 lugares das bancadas
do Campo Pequeno em dia de lide. No entanto, há uma diferença: não me parece
que da bancada do Campo Pequeno surjam os insultos que, por vezes, se ouvem de
microfone desligado, por parte dos parlamentares. Esse modo de estar na mais
nobre sala do País, não condiz com o estatuto parlamentar, antes para lamentar.
Recentemente, no Parlamento, ouviram-se insultos soezes
dirigidos a uma deputada do PS, só porque esta, como invisual e com direito
como qualquer outro a estar ali, eleita, no único comentário que lhe
proporcionou a palavra em 11 meses, falou do que tinha a falar em matéria de deficiência.
No justo uso da palavra.
Agora, a pergunta: de onde vieram esses insultos? Da bancada
do CHEGA, um partido que parece estar predestinado ou preparado para as
manchetes de toda a imprensa, falada, escrita e televisiva.
Apetecia-me dizer mais; porém, este blog não é uma bancada e
não pretendo destratar o partido que, quanto a estes pormenores fora do código
de conduta parlamentar, nunca diz “chega”.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
O LIVRO
Como tenho faltado neste púlpito digital desde meados de
2023 e reabri a chafarica há quatro dias, trago aqui a capa de uma publicação,
em livro, relativa às postagens entre 2018 e 2022. Acontece que este livro já
está publicado desde janeiro de 2022, não tendo dado notícia, neste mesmo
espaço, da sua existência.
Agora vejo que devo comunicar mais, prometendo a mim mesmo
que virei aqui com mais frequência – mesmo que falte à palavra, perdoo-me –
deixando as minhas opiniões, as quais não passam disso mesmo: pessoais,
objetivas e subjetivas.
Quem sabe se não se seguirá um segundo livro, com outras
tantas duas centenas de páginas?
domingo, 9 de fevereiro de 2025
A SAÚDE ou FALTA DELA
É miserável, para não dizer pior, o estado do SNS em
Portugal.
Sinto-o na pele, sentimo-lo todos os cidadãos não
arregimentados a ideários falseados pela hipocrisia e dialética política.
Caiu no fundo.
Numa região em aceleramento desértico, como é o Interior,
colocar médicos contratados por empresas estrangeiras, que os esbulham à guisa
de escravatura, que mal sabem falar, ler e interpretar o Português, nas ULS
distritais e Centros de Saúde concelhios, é como largar e desprezar a saúde dos
Cidadãos que votaram nos representantes que os deviam proteger.
Segundo apurei, há empresas que contratam profissionais de
saúde para os Centros onde a maior parte da população – e ainda a mais
necessitada – não possui médico de família. E essas empresas, supostamente
orientadas por “lobbies”, aproveitando as lacunas abertas por falta de
profissionais e inépcia dos Ministérios, capitalizam por contratos (direi,
supostamente nebulosos), os profissionais que certamente estarão credenciados –
julgo eu -, embora com as limitações supra referidas, recebendo estes uma
quarta parte do valor pago pelo Erário Público, ficando as três quartas partes
para estes novos “capitães dos quintos do ouro” na época brasileira.
Escrevi atrás – “julgo eu” – porque vi uma pauta de
avaliação do exame de equivalência dos médicos estrangeiros, de 2015, onde eram
21 a concurso, 1 reprovou e 8 não compareceram .
Sobre este pormenor dos médicos atribuídos (de família) há
ainda a apontar o cúmulo de, com a sua falta, terem de recorrer aos Centros de
Saúde, às URGÊNCIAS, aqueles que não têm médico de família atribuído e, com
isso, competirem na fila da consulta, com meras requisições para pedidos de
atestados médicos (máxime para renovação da licença de condução) ou
simplesmente leitura ou requisição de análises clínicas.
Há três provérbios portugueses complementares: manda quem
pode, obedece quem deve; manda quem pode, obedece quem quer; manda quem pode,
obedece quem serve. É uma tripla para
escolha única. A questão deve colocar-se ao Povo, quando vota.
quarta-feira, 14 de junho de 2023
A TAP SEM TAP
Eu não devia falar da TAP, até porque não se fala de outra coisa. Mas a
tentação é grande, quando se arranjam pretextos para o assunto vir à tona.
Também podia trazer aqui a TAS, suposto acrónimo de Transportes Aquáticos Submarinos,
mas dadas as recentes anomalias com o “Mondego” e a tripulação, lá aventaria
uma nega dos marujos em embarcar no submarino com receio de perseguirem um tubarão
tigre, que seria espião soviético. Para trazer à liça a TAT (Transportes Automóveis
Terrestres), certamente necessitava de falar das “tesourarias” que controlam a
velocidade a cada esquina e atrás de cada arbusto.
Certamente era preferível falar de bicicletas, um meio de transporte
que hoje o primeiro-ministro Costa experimentou, dando mesmo uma lição prática
e teórica, falando da pedalada para vencer a inércia, um aforismo pouco
propositado a uma fábrica de biciclos elétricos.
Como os jornais se fartam destes pitéus, voltando à TAP, lembrou-me que
antigamente, nos tempos das minhas avós, falava-se da TAB (Transportes Aéreos
das Bruxas), umas vassouras esquisitas sem motor e sem asas, no entanto rápidas
e mais pacíficas do que o mais demoníaco míssil kinzhal.
Não sei o que foi feito dessas vassouras todas, possivelmente substituídas
pelos aspiradores topo de gama. Só que estes não voam e as vassouras não terão
custado um dinheirão aos contribuintes nem consta nos alfarrábios que alguma
companhia estrangeira estivesse a morrer por elas.
Esses antecessores da TAP eram um meio de locomoção por excelência para
as bruxas utilizadoras, tão importante para a classe como o automóvel é hoje
para a distribuição do correio porta a porta pelos CTT. Tratava-se de um
transporte rápido, silencioso, económico, eficaz e não poluente, com a
imensurável vantagem de não estar pendente dos constantes aumentos do preço dos
combustíveis e das irritantes filas nas bombas de abastecimento. Tinha ainda a
particularidade de todas as funções de um voo doméstico e das viagens
“low-cost”, sem as habituais chatices do apertar do cinto (coisa que os
portugueses fazem constantemente desde que se levantam da cama), do não fumar e
da praga das assistentes de bordo. Como se tratava de um monolugar, tinha a
vantagem de se excluir a pedalada a que se referiu António Costa na fábrica
Unibike de Vagos, sem necessidade de capacete, longe das expectativas causadas
pela obediência aos semáforos, aos sinais de stop e ao sopro no balão para
controlo de álcool. Mais ainda, sem o pagamento do imposto único de circulação
(cujo nome é um eufemismo, porque este não é o único imposto para quem circula),
e sem a obrigatoriedade dos coletes refletores, dos triângulos de sinalização e
do seguro em dia.
Enfim, julgo que falei da TAP sem falar dela. E este assunto não
necessita de ir à Comissão Parlamentar de Inquérito, embora o assunto não seja
o mais agradável. Lá dizia Sancho Pança aquele adágio galego: “no creo en brujas,
pelo que las hay, las hay”.
segunda-feira, 12 de junho de 2023
HÁ LIMITES…
Neste comentário, vou ser breve.
Trata-se da mais recente polémica, surgida nas comemorações do 10 de
junho em Peso da Régua, quando o primeiro-ministro António Costa se indignou
com o que viu nos cartazes com que o confrontaram. Indignou-se, fez questão de manifestar
o seu repúdio. Eu faria o mesmo que ele.
Embora os cartazes já andem por aí desde fevereiro (segundo dizem os
mais atentos), não me parece uma forma de reivindicar, quando se utiliza aquilo
que fere e achincalha a figura humana, um primeiro ministro ou seja ele quem
for, com um focinho de porco e com lápis espetados nos olhos.
Fui cartunista e caricaturista ao longo de oito anos, num semanário
político de Lisboa, posso dizer que passei à crítica, da direita à esquerda,
passando pelo centro, sem ultrapassar a linha vermelha do decoro e da decência.
Com o achincalhe, o autor sai sempre a perder.
Abuse-se da caricatura de estender o nariz a quem o tem maior, mais
abatatado, o queixo mais proeminente ou a forma de cabelo, os olhos bugalhudos,
ou seja, todo o exagero que transfigura o caricaturado deixando-o identificado ao
primeiro olhar. Mexer no rosto daquela forma, se bem que ao abrigo da
liberdade, não concordo.
Se pensarmos que este cartaz veio do meio de quem educa, não escrevo
mais nada, porque prometi ser breve.