Esta notícia, que vem de fora, deixa-me perplexo. Parece que ainda existem príncipes, como certamente existirão fadas e belas adormecidas. Por incrível que pareça, os povos ainda aceitam estes nados das coroas e fauna vária, cujos predicados, à partida, lhes advêm de terem nascido naqueles majestosos úteros.
Mas nem só por isso fiquei perplexo. Ainda há principados, e tronos, e coroas que são os sinais exteriores da “profissão”, e o regabofe de impunidade que passa pela realeza.
Já nasci republicano. Se não nascesse, lutaria para sê-lo.
Chega de perplexidade? Qual, não?! O príncipe, para matar o ócio, mata animais de grande porte. Para que a coisa pareça legal, paga com dinheiro que o povo lhe dá, obtém licença principesca (vedada ao mais pintado dos súbditos) e dá ao gatilho. Na sua área ou fora dela, é o mesmo. A carta branca é carta franca. E os súbditos, habituados à principesca identidade, vergam-se perante o dito como cabos de guarda-chuva, com todos os salamaleques que a nobreza exige (noblesse oblige).
Isto passou-se com o príncipe de um sítio que eu mal me lembro de existir, chamado principado do Liechtenstein (enganei-me várias vezes para acertar no nome que, traduzido, significa pedra clara), cuja capital se chama Vaduz (todos os leitores, menos eu, saberão isto), com um príncipe do lugar chamado Emanuel von und zu Liechtenstein, o qual abateu um urso, chamado Arthur, numa área protegida.
O príncipe Emanuel von und zu abateu um urso com o nome de gente – Arthur. O animal não fazia mal a ninguém, era considerado o maior da Roménia (Cárpatos) e foi abatido numa área protegida (só para os súbditos do mundo), ainda por cima quando na Roménia a caça para troféus se encontra proibida desde 2016. Lá na terra do homem, só deve existir a Sociedade Protectora dos Vegetais.
Nem sei a quem deva chamar urso. Deve ser das perplexidades.
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