As circunstâncias da vida, as próprias opções e outros
apelos fizeram com que eu escapasse a uma profissão: professor.
Não cabe no meu feitio educar quem não quer ser educado, tem
renitência à educação e que, ainda pequeno pepino, desobedece, violenta e
agride quem o quer ensinar; também não me passaria pela mente vir, mais tarde,
a ser tutelado por um ministério que não promove a dignidade do professor
(antes a vilipendia), com a mesma desfaçatez com que assiste a fenómenos de
violência por parte de alguns alunos, mais aprendizes de energúmenos (senão já
professores da matéria) do que educandos.
Nos tempos que correm, auxiliada por psicólogos que podiam
ser bons jardineiros, a filosofia é criar uma criança que tem sempre razão,
pode agredir impunemente e o diabo a quatro que se lhe mete no corpo.
A psicologia vai de encontro à canção dos Pink Floyd - Another
Brick In The Wall (Outro tijolo no muro)
– quando na letra contém esta espécie de axioma: “Teachers leave them kids
alone” (Professores, deixem as crianças em paz); ou mesmo quando fala pela boca
de algumas delas: “We don't need no education” (não precisamos de nenhuma
educação). Será que é solução retirar das cantinas as costeletas de novilho?
O que precisa, então, este tipo de cinco réis de gente?
Três ou quatro telemóveis topo de gama, dois tablets, mesada ilimitada, roupa
de marca e livre arbítrio até dizer chega e outros chiquismos que eles exibem à
compita entre uns e outros.
Esta semana, por razões de indisciplina e desobediência, um
puto recusou a ordem do professor que não queria vê-lo utilizar um telemóvel
nas aulas. Conclusão, o professor passou-se (fez mal) e deu-lhe nas trombas.
Caiu o Carmo e a Trindade, os media malharam no professor, a escola bateu no
professor, o tribunal vai encarregar-se de zupar no professor. Se bem que, num
momento descontrolado, o educador tenha agido mal – talvez estivesse melhor se
mandasse o gaiato malcriado apanhar o fresco – o aluno sai desculpabilizado da
jogada que ele armou. Lá entra a canção dos Pink – “There were certain teachers
who would, Hurt the children in any way they could” (Havia certos professores
que fariam sofrer as crianças da forma que eles pudessem).
Como se isto não bastasse, na mesma semana ocorreram mais
agressões do lado contrário: miúdos entre os 11 e os 14 anos, agrediram
professoras e professores. Conclusão, não se passa nada, é tudo normal. Os media levam o assunto a caixas de rodapé, a escola dispensa o docente agredido para fazer o curativo, o ministério finge que está tudo bem, nem queixa entra em tribunal (o que não faz diferença entre tanto milho painço, mesmo que entrasse).
Perante a apatia da tutela (ou até conivência com o satus quo), o Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P), quis mesmo mostrar o Stop para estas situações e entregou um pré-aviso de greve, abrangendo professores, funcionários, psicólogos escolares e técnicos para protestar contra a violência e a impunidade nas escolas.
Como cantam os Pink (a música é linda),é mais um tijolo no
muro. Sim, concordo, é mais um tijolo no muro, e o muro no chão.
E queriam vocês que eu fosse professor? E passar o tempo a
servir de almofada de alfinetes? Ah, grande Zé Povinho!…Toma!...
Concordo na íntegra com este " desabafo " de um professor que sem o dito diploma dá lições bem estruturadas e pensadas …
ResponderEliminarOs valores morais , a educação do por favor , obrigado e outros tais foi esquecida para dar lugar à libertinagem física e moral .
É o declínio de uma sociedade permissiva com os prevaricadores e punitiva com os cumpridores e respeitadores . Enfim , criancices de quem este Mundo descomanda
Certamente que os tempos são outros, vivemos no mundo novo (ou que se renova), mas isso não significa que abandonemos os valores essenciais da civilização, da convivência e da liberdade. Quando a permissividade vai ao ponto de tolerar faltas de respeito a quem ensina, algo vai mal em quem manda e em quem obedece, porque não há meio termo.
EliminarO critério que traz o princípio de que são crianças e há necessidade de tolerá-las, compreende-se até elas pisarem a linha vermelha; hoje crianças, amanhã adultos, sempre à espera de uma passadeira vermelha à sua passagem. Dá mau resultado!...
Carissimo amigo
EliminarDou-lhe plena razão, milmpor cento.
Entendo que a sociedade evoluiu e que outros valores vieram tona, quantas vezes deturpados, vilipendiadores da propria liberdade e integridade, incusiva a psicológica e a física, Temos assistido nos ultimos dias a um conjunto de noticias de agressões a professores e funcionários por putos que não valem cinco reis de conduta, conduta esta que tem base na educação da família, se esta tiver tempo de estar com as crianças e jovens . Sim, porque desde tenra idade o tempo no seio familiar é pouquissimo ( cresches, atl, actividades extra escolares e... vão para casa fazer os TPC , jantar ( quando jantam) e toca a dormir que de manhã cedo é outro dia.
os meninos têm de ter tudo e os papás dão tudo menos educação, . São os telemóveis topo de gama, as playstations, as roupas de marca, é mais isto e aquilo...menos educação, autoridade e diga-se mais dedicação.
Se o pai ou a mãe dão um par de lambadas aos meninos é violência doméstica, se o professor tem autoridade é violencia psicologica, se o auxiliar de educação impõe disciplima é perseguidor e opressivo, e os Jornais ( note-se, fui jornalista profissional muitos anos) apresentam em parangonas titulos de professores a serem participados à Justiça, com pocessos disciplinares etc etc porque deram um tabefe ao aluno mal criado, indisciplinado, arrogante, violento, desrespeitador.
Depois há comissões de protecção de menores, disto e daquilo, conselhos disto e mais alguma coisa e a violencia de alunos com professores e funcionários .
Fui criado no tempo em queos pais e professores tinham autoridade , educavam e ensinavam e tinham tempo para estar com os filhos e se merecidamente necessários, um estalo ou uma "nalgada" acalmava e fazia parte da disciplina.
não estou a defender de forma alguma alguma que haja violência barata sobre as crianças ou jovens. Mas o Estado então que não retire a autoridade a quem a deve ter.Faça da escola um lugar aprazível onde se ensine e aprenda e não um palco de luta desigual porque os meninos por o serem têm proteção e não parangonas nos jornais quando são mal comportados.
Claro que há prof e funcionários que não têm muitas vezes a inocência ou são inibidos de responsabilidade. EStes também deve haver actuação disciplinar.
Como cidadão e o direito à Cidadania está consagrado na Constituição, subscrevo seu texto e manifesto a minha revolta pela situação que estamos a assistir
Caríssimo Amigo José Lévy Domingos
EliminarPlenamente de acordo com o que disse, resultado de muita experiência como jornalista da Lusa (e não só), de grande observador e viajante. Certamente terá encontrado em Israel, e até no Brasil, melhores exemplos de administração educativa, não tão permissiva e descoordenada como esta que ocorre em Portugal desde há alguns anos.
A violência na educação por parte de professores e educadores não é, de todo, aconselhável pelos traumas que poderá deixar em algumas crianças e jovens, porventura até com desejos de abandonarem a escola por via disso. No entanto, há certos casos em que se recomenda firmeza, autoridade sensata, separando o trigo do joio no que tange a professores e auxiliares de educação.
Li hoje que o primeiro-ministro pretende proibir chumbos e reprovações até ao nono ano escolar. Maravilha! Com todos os "inteligentes" isentos de provarem o seu aproveitamento escolar, certamente que continuaremos a ter, a manter e até a aumentar, uma classe política e dirigente "bem preparada", "bem responsabilizada", "bem trabalhadora".
Como eu lamento os alunos que querem aprender e evoluir!...
Comentário tardio o meu… mas só digo que podia ter sido eu a escrever e assinar o texto, pois que resume ou desenvolve exactamente o que eu penso!
ResponderEliminarFui professor em tempos e há muito tempo, em escolas do interior, de gente rude mas respeitadora. Dizia-me uma vez um pai: Ó professor, chegue-le! De outra vez, um pai agressivo andou a passear-se na escola enquanto decorria o conselho de turma… teve azar, saiu-lhe a carta errada, pois a professora directora de turma ausente por licença de parto apenas um dia ou dois antes, fora substituída pelo Agostinho Borges, mais tarde cabo do grupo de forcados de Montemor, muito mais bruto que o pai, que meteu o rabo entre as pernas e se retirou, pois onde está o leão não permanece chacal! E muitas outras que incluiem um cachação falhado num aluno esquivo a quem todavia o biqueiro que se seguiu lhe deu em cheio no cú… chamado ao conselho directivo, neguei, e a turma toda me apoiou: ninguém viu nada e nem gramavam o rufia, que em compensação apanhou depois uma sova do pai, quando soube a razão do biqueiro.
Não tenho feitio para educador, decididamente… mas meu filho teria uns 14 anos, comentou: "raio do preto" ao porteiro da escola que o não deixou sair num furo. O sr. Virgílio (mulato) queixou-se e eu soube, agarrei no jovem e obriguei-o a ir pedir desculpa, ao mesmo tempo que agradeci ao sr.Virgílio a sua preocupação com os miúdos e reiterei perante o rebelde, que não estava autorizado a sair da escola, salvo no final das aulas! Serviu de lição também para uma série de pais e miúdos, e o meu aprendeu como são as coisas, aliás ele sabia o pai que tinha! Hoje é comissário da TAP e distingue-se justamente pelo aprumo e educação, como já me foi diversas vezes transmitido e do que me orgulho.
Grande abraço cá da Cidade Morena!