“Desconfiamento” é uma palavra que utilizei à revelia dos
dicionários da língua. Não existe. Nem na wikipédia, que tem de tudo e mais
alguma coisa; tão pouco na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, a mais
credível e também a mais desactualizada de todas. Por isso a coloquei entre
aspas. Mas soa, nesta altura de Covid 19, à semelhança fonética de desconfinamento.
O Windows Word, em português, também traceja o erro a vermelho, ora essa! Mas também o faz com desconfinamento, estão empatados os dois termos.
Ao tentar saber o que diz o professor Google, obtive como
resposta uma interrogação: “será que quis dizer discernimento”?
Desconfiamento é acção de desconfiado, tanto como desconfinamento o é de desconfinado; ou seja, o contrário do sentido de confiado
e confinado, respectivamente.
Neste caso, sugiro que o “desconfiamento” entre nos
dicionários.
Vem isto a despropósito do propósito que me leva a utilizar
o termo, para já impróprio. E que é a situação a que levou o desconfinamento na
política ao mais alto nível. Desconfiam uns dos outros, embora mostrem que têm confiança. Deve ser o efeito do uso da máscara.
Por entre as máscaras de protecção vírica (mais um
sublinhado a vermelho, o que não acontece com vínica), tanto o
Primeiro-Ministro como o Presidente da República juntaram críticas ao até agora
poderoso Ministro das Finanças. E logo a ele, o que domina os números com a
habilidade com que o Ronaldo domina a bola.
Depois de uns amuos e ameaças veladas, com umas reuniões, muito comuns em semelhante indústria, uns toques de telemóvel e uns sorrisos (já sem máscaras, porque estas não permitem nem um arreganho),
a coisa compôs-se, para já. Crispação, há, semelhante à do lobo que assalta o redil. O que quer dizer que o desconfinamento traz consigo
o desconfiamento.
Pensando bem, aquela interrogação do professor Google faz sentido: perante tanto desconfiamento, não será que queremos mais discernimento?
E, reparem, ainda a procissão acabou de sair as portas do
templo e só ainda prossegue no adro.
AHAHAHAH!
ResponderEliminarBem metida... o Ronaldo das finanças, em compensação domina os números como o 7 domina a bola, só que este domina-a para marcar golos, e o outro? Há memória de alguma vez um financeiro ter marcado um golo?
Não, não há... pois bola dominada é chutada para dentro da rede... números dominados, ficam na posse do dominador, que não os larga nem por nada!
Essa a grande diferença...
Essa é, de facto, a grande diferença. Os números dominados, driblados, não têm o destino do esférico nas redes. Pelo menos nas alheias.
EliminarBom comentário, o seu.