quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

A BICHA SOLITÁRIA

 

Lone Star, sem mais indicações sobre o negócio com o Novo Banco, até parece o nome de um daqueles “sallons”, com bebedouro de cavalos à porta, que aparecem nos filmes do faroeste. Traduzido o nome para português corrente, é o equivalente a Estrela Solitária, se bem que melhor caberia, pelos fundos que o banco absorve, chamar-se “Bicha Solitária”.

Como certamente os leitores sabem, a odisseia deste Novo Banco, surgido de um duvidoso Espírito Santo – que de santo não tem nada – daria para um filme. Não digo uma película de cavalos em correria, duelos e tiros para o ar, mas daqueles filmes de terror, à mistura com ficção científica, tais as trapalhadas que vão dando pano para as parangonas da imprensa.

Agora, para mais uma cena da rodagem, mete o Banco Central Europeu, porque o Banco de Portugal, nesta altura gerido pelo “Ronaldo das Finanças”, não se acha competente para avaliar a idoneidade do presidente da coisa e lava as mãos. Foi do seu tempo a ideia de intervir no negócio com a tal estrela solitária, com o fito de “salvar os activos bons do anteriormente falido Banco Espírito Santo”. A coisa foi mais difícil do que livrar as concubinas do serralho de sultão.

Não sei se estão a salvar os bons ou os maus activos, só sei que os passivos são imensos e aquilo parece qualquer coisa com um buraco e não com uma estrela: um buraco negro. E, como fundo, requer mais fundos, designadamente aqueles que lhe vêm do Fundo de Resolução e no negócio de venda de 75% com outro fundo americano: o Lone Star Founds. 

Os portugueses, hirtos e quietos, pagam para ver esta película de má qualidade.

Criado em 2014, este Novo Banco já se tornou velho, tal como o mafarrico, e não foi pelas melhores razões.

2 comentários:

  1. O dito "Ronaldo" das finanças que você descreve já desaprendeu, ou deu lhe jeito🤔😔...

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  2. Estes peritos em finanças nunca desaprendem, Mário. Estão habituados a muitos zeros, já fazem as contas de cabeça e de olhos fechados; pena é que muitos governados não os tenham abertos.

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