Numa entrevista que dei a um Amigo- e que este levou ao seu blog - uma das perguntas é aquela que reproduzo a negrito. A resposta foi a seguir. Nem sempre o que se cria é para servir de criado; nem sempre aquilo que se quer, sequer seja aquilo...
Há um
estranho aspecto na tua carreira : às vezes, prometedoras apostas, ficam
“abandonadas” ! São os casos, por exemplo, de “A Volta ao Mundo em Oitenta
Dias” e “A Rainha Africana”. Não vais mesmo terminar estes trabalhos ?
Tenho em mim um espírito troglodítico, ancestral.
Se o terreno não é propício à minha caçada, não é por isso que me dedico à
agricultura: vou caçar para outro lado. À margem da metáfora, afirmo que isto
nem é por achar que determinado trabalho não tem saída, mas por fastio. O
abandono é, assim, temporário. Quando a “saudade” ou a “fome do assunto”
apertar, volto lá, mesmo que tenha de refazer tudo, de cabo a rabo.
“A Volta ao Mundo” ficou na viagem por um quarto do
seu todo e aguarda o “click” para vir para cima da bancada; “A Rainha Africana”
é uma obra que necessita de prateleiras por todo o país e não estou tentado a
correr o risco de a receber de volta com os percalços ditos atrás ou a bater às
aldrabas das portas com um chapéu emprestado.
Julguei que os blogs – pelo menos o meu –
constituíssem uma espécie de barómetro para aquilatar das apetências sobre este
ou aquele trabalho. Às vezes, pelo “silêncio”, dá-me a sensação que mais me
valera pôr um surdo a ouvir uma partitura de Bach.
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