Se efectivamente acaso algum dos poucos leitores deste blog leu o post
do passado dia 22 deste mês, reparou que eu desenhei um “jeep” e ao fechar o
pano do arrazoado prometi jogar no euromilhões aproveitando os números no
“capot” dessa viatura. E fi-lo. Apostei no 5 (saiu o 6), mais no 13 (saiu no
15), depois no 23 (saiu o 25), depois o 30 (saiu o 30, viva!) e finalmente no
36 (saiu o 38). Quase tudo ao lado, o que significa nada!
Posto isto, sabendo que a Fortuna poderá ter lido o post, verifico que
obrou de molde a passar rasantes aos números escolhidos, de nada valendo, mesmo
que o quisesse, a consulta a uma quiromante, taróloga ou bruxa (coisa que não
faço). Como aquele jogo, segundo se propaga, só faz excêntricos, não conto com
isso para me tornar mais um porque já sou excêntrico por natureza.
Vou então brincar com o assunto. Não levem a mal…
A propósito, trago hoje aqui uma peça repescada e alterada do
Bandarra-Bandurra, para aquelas e aqueles que optam por consultar as famosas
adivinhações.
A adivinhação não deixa de ser uma arte, neste caso mágica, de
descobrir o desconhecido através da interpretação de símbolos, como é a
“leitura” de nuvens, cartas de tarô, chamas e fumo, ossos de animais, promessas
governativas e relatórios das comissões parlamentares de inquérito.
Quer isto dizer que as bruxas adivinham? É claro que adivinham, pois
têm a equivalência aos cursos técnicos profissionais e profissionalizantes de
astrologia, cartomancia, quiromancia, taromancia, hepatoscopia, I Ching e
numerologia, e licenciaturas pós-Bolonha, para só citar estes. Parece que elas
possuem, em doses maciças, os poderes sibilinos de Nostradamus, de Bandarra,
mesmo do Pretinho do Japão, e das previsões económicas do Banco de Portugal e
do FMI, embora estes dois últimos não acertem tanto (como no caso do meu
euromilhões acima, é tudo ao lado).
Numa sondagem que se realize, como é hábito, através de entrevistas
telefónicas em escolha aleatória, dará 10 por cento para os que acreditam no
acertar dos resultados de adivinhação das bruxas e outros 10 por cento para
quem creia no inverso. É bom que se diga que a diferença estará para quem não sabe/nem
responde ao inquérito, que por meu lado adivinho com um erro máximo de amostra
de 0,6 por cento para um grau de probabilidade de 99,9 por cento.
Um dos símbolos da actividade é, para além da inscrição nas Finanças, o
caldeirão do costume com três pernas, geralmente com água a ferver, onde se
juntam alguns corantes para dar efeito, bem como ervas e fauna rasteira vária,
tais como asas de morcego, rabo de escorpião, sémen de unicórnio (à venda nas
farmácias) e os pelos de uma das toupeiras do SLB (à venda numa loja de
souvenirs do FCP e do SCP). No entanto, trata-se de um instrumento mágico tão
importante como é o estetoscópio médico para um clínico que mostre estar em
serviço ou a máquina de calcular da tutela que faz o cálculo da contagem do tempo
dos professores. O caldeirão, na sua forma bojuda, se nada tem a ver com o
daquele frade que fez o caldo de pedra em Almeirim, representa o ventre da
deusa e o útero feminino. O seu tamanho deve ser um pouco menor que uma das
panelas do riquíssimo e reservadíssimo restaurante El Celler de Can Roca.
Decerto não confundir este caldeirão com o da lenda que atribuiu o seu
enchimento de ouro através do arco-íris, porque se fosse real já teria na
periferia os auditores da Goldman Sachs, os mercados bolsistas e outras
organizações sem fins lucrativos.
Finalmente, umas dicas para se reconhecer a verdadeira bruxa, a tal que
dá os sete números da aposta e fará excêntricos os que ainda não são.
Abrindo-lhe a carteira – o que não recomendo- ou à saída da caixa de uma grande
superfície comercial, há sinais que se podem ver. Como é de direito, será certo
que terão bilhete de identidade ou cartão de cidadão, cartão de crédito e
número de contribuinte. Mas isso toda a gente tem!
Falta então a mais importante, que envolve alguma dinâmica: colocar uma
vassoura atrás da porta, virada ao contrário. A bruxa não conseguirá sair. O
melhor é pesquisar numa plataforma adequada ao “métier” ou consultar os blogs,
sites, twitter, linkedin e facebook, em que se veja o símbolo daquele chapéu de
bico ou a vassoura igual à que emprestei ao senhor presidente dos States na
caricatura atrás.
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