Andam por aí uns “trolls” que me abordam e conversam sobre isto e
aquilo e, às duas por três, lá vêm com aquela: “ no meu tempo”. A propósito
disto e daquilo, dos costumes e das morais, lá chegam pérolas do género “no meu
tempo não se permitia disto”, “no meu tempo é que era bom” ou ainda “no meu
tempo é que se namorava à séria”.
Ouço-os, encaro-os e pergunto-me se estou perante um fantasma ou um
selenita. Ou seja, este não é o seu tempo, o tempo deles era outro, estão
noutra órbita, a da saudade, a da idade mais verdinha e coisa e tal.
A maioria dos tais está na minha faixa etária. E essa maioria, que não
vive neste tempo, mas no seu tempo, por vezes deixa-me entre a perplexidade e a
razão em saber se ainda estou neste tempo. Ou noutro planeta, bem entendido.
Esses não se enquadram numa nova classificação etária proposta por um psicólogo americano q que chamou "sexalescentes", ou seja sexagenários com espírito de adolescentes, com mentes arejadas que praticam desportos radicais, para quem hoje é o "seu tempo"
ResponderEliminarCaríssimo Dr. Luís Rente
ResponderEliminarDe facto, há os extremos (como em tudo), sendo que a liberdade manda respeitar uns e outros. Ouçamos os queixumes dos que estão fora do tempo e dentro da memória; vejamos o ardor dos que querem demonstrar que a velhice não é com eles e que estão ali para as curvas (sabe Deus!...), como velhos-novos. para os primeiros, o rifão - "velhice, a segunda meninice"; para os segundos - "velho gaiteiro, velho menino". Ambos os aforismos vão dar ao mesmo.
Sou levado a concordar (se exceptuarmos as situações de doença) com uma frase batida que circula por aí que diz "envelhecer é uma inevitabilidade, ficar velho é uma opção"
ResponderEliminarCaríssimo
EliminarAprecio sempre os seus comentários e muito particularmente a frase que cita. Há ainda uma outra que assegura que envelhecer não é preocupante; ser olhado como velho é que é.
O escritor Charles Lemesle tem uma frase muito curiosa, a qual apontei no meu caderno de ditos: "Sucede aos homens o que sucede as vinhos: os melhores ganham doçura com o passar dos anos; os outros azedam".
Agradeço-lhe ser leitor deste pouco auspicioso blog -dos pouco até- o que me leva a considerar esta dívida de gratidão.
Abraço
Santos Costa
Caríssimo amigo:
ResponderEliminarAgradeço as suas simpáticas palavras das quais julgo não ser merecedor. Se dúvidas houvesse o presente blog é a prova da elevada erudição e da grande capacidade de trabalho de que o meu amigo é dotado. Daí resulta a minha absoluta incapacidade em o acompanhar, mesmo de muito longe, na colaboração nesta sua iniciativa.
Mais que um conhecido cantor que confessa ter dois amores eu tenho, pelo menos, uns três.
Desde logo a área nuclear “Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne” (Mateus, 19:5). Em Seia, fica a minha residência. Aliás, desde que me aposentei parece que deixei de ser Luís e passei a ser Jacques: a minha companheira diz-me com frequência “Já que estás em casa, preparas o almoço” ou “Já que estás em casa arrumas a cozinha”. É uma trabalheira…. Além disso, a filha, embora adulta e autónoma, exige-me idas frequentes a Lisboa.
Segundo amor: Carnicães. Aí reside a minha mãe, octogenária, que precisa da minha presença - ás vezes mais que uma vez por semana. Para além disso, integro a Fábrica da Igreja (a nossa paróquia atravessa uma fase de graves problemas) e presido à Assembleia da União de Freguesia de Vilares e Carnicães. Como se não bastasse envolvi-me naquele bendito projeto do jornal.
Terceiro amor: Trancoso. Ai vou praticamente todos os fins de semana. A fazer recados maternos (farmácia e supermercado), rever amigos de longa data, jogar uma partida de póker de dados no café (Oh! O póker! Prazer juvenil que não se explica!!).
E para mim?? Que tempo fica para mim?? Para as minhas leituras, para as minhas escritas, para a tertúlia do café???
Para além, da cultura, da erudição, do talento e da capacidade de trabalho que nos separam julgo ter deixado uma pincelada larga do meu viver que, de alguma forma, justifica a minha incapacidade de colaborar ao mesmo nível que o Santos Costa nestas que são para mim, verdadeiramente, “Altas Cavalarias”. Fica a promessa de que serei uma visita assídua.
P.S. – Aproveitava o ensejo para lhe pedir uma colaboração para o “Ponto de Exclamação” nº 4 que sairá por meados de Dezembro – um pequeno texto, uma gravura, um poema,…
Caríssimo Dr. Luís
EliminarO passar do tempo é relativo para cada um, dividindo-se em tarefas obrigatórias, tarefas voluntárias, comunicação, convívio e ociosidade. Torna-se claro que a ociosidade - que não é apanágio do meu Amigo - é o desbaratar do tempo. Há até quem tenha a frase: "estou aqui a matar o tempo!". Pois bem, é a ilusão de quem quer ver o tempo passar,julgando que o elimina. O tempo não morre, vai matando.
Estarei disponível para colaborar com o "Ponto de Exclamação".