quinta-feira, 11 de outubro de 2018

OS CTT E A RÁBULA DO COELHINHO, O PAI NATAL E O PALHAÇO


Era uma anúncio das Fantasias de Natal, uns chocolates que o avô manhoso e guloso ia passando ao estreito, com histórias do arco da velha, perante a incredulidade da neta. E a miúda, vendo que o velhote ia fazer o mesmo ao Coelho, ao Pai Natal e ao Palhaço, deitou a mão aos ditos chocolates e exclamou: “Não, não! O Coelhinho veio com o Pai Natal e o Palhaço de comboio ao circo”.
Serve esta entrada com um anúncio “vintage” para alertar a predação que se está a fazer nos CTT, ao ponto de fecharem as estações - que agora se chamam lojas - nas sedes dos concelhos (por enquanto, de alguns, para ver as reacções do Governo e, pelo andar da carruagem, a falta delas).
Não é possível tal miséria! Economicamente acredito que é uma medida que vai evitar custos, uma vez que os correios, tal como se propõem no seu ofício primordial, enfrentam a concorrência dos novos meios de comunicação bilateral. Por isso, sem querer parar a marcha do futuro, técnica e eficaz tal como se apresenta, preferia que não fossem privatizados ou, a sê-lo, com garantias do serviço aberto a todos aqueles que não têm acesso às novas tecnologias. Coitados daqueles que têm a má sorte de morar em terras montesinhas e em interiores de que só restam os mais velhos, inválidos e placas toponímicas. E quanto aos postos de trabalho? Nem respondo! Não se alcançam progressos onde nem todos usufruem deles e mesmo quando, à conta dele, acontecem destes tristes tropeções.
As desculpas ou justificações, vindas de quem faz as contas às receitas e aos custos, soam-me como se me dessem a beber papas de linhaça. Papas essas que apenas têm uma pitada de moral e uma boa dose de economia de mercado. E é aqui que bate o ponto…
Paulatinamente, a operadora concessionária, no âmbito da privatização, faz o que quer e lhe apetece: ou seja, vai comendo todos os chocolates da árvore. E a neta, que supostamente seria representada pelo Governo, vê passar à goela do mercado capitalista aquele centenário serviço nacional. De comboio ao circo já não vamos, porque estamos nele e, não sei por quê, tenho a sensação que já não temos coelhinhos, pais natal e que só restam os palhaços, que somos nós.

Sem comentários:

Enviar um comentário