sábado, 31 de julho de 2021

A MEMÓRIA RAM

Toda a gente já deve ter ouvido falar na Memória RAM, uma particularidade tecnológica na órbita dos computadores. O acrónimo inglês Random Access Memory tem o equivalente a Memória de Acesso Aleatório, termos que não aquecem nem arrefecem ao vulgar dos usuários, os quais apenas lhes interessa que a máquina corra como um Fórmula 1, sem os riscos da pista. Por isso, adquirem acessórios ou computadores de raiz com RAM de muitos Gigas (não confundir com a giga dos marrecas ou corcundas).

Pois é! A memória do povo também funciona como a RAM das máquinas da era informática. Só funciona quando o assunto vem à tela  - melhor, à baila - como é o caso das já passadas tropelias políticas, gamanço no erário público, negociatas, tramas de faca e alguidar, arranjinhos, falcatruas e trapalhadas com outros conteúdos. Passado o tempo em que os média têm o assunto aberto, a coisa vai para o arquivo e lá fica até se reabrir o ficheiro. Por vezes, nem reaberto é.

Atendendo a essa particularidade cerebral, casos bem gritantes passaram ao olvido, como é disso exemplo o caso da governação Sócrates, cuja passará com o apelido do primeiro-ministro ao ponto de só ser lembrado o filósofo ateniense. Devido também a essa característica humana - e bem portuguesa - não raro vemos o actual primeiro-ministro, perante casos de gravidade governativa própria ou da equipa, remeter-se ao silêncio, à espera que a RAM faça o seu trabalho com assuntos que se sobreponham a esses.

Ainda ontem, por exemplo, ouvi um ex-ministro do tal Sócrates queixar-se da investigação ao caso judicial que o traz pendente, a qual  dura há 10 anos e assuntos da (des)ordem criminal  que rondam os 15. Ora, será que ninguém lhe disse que a memória RAM do povo só o está a favorecer, no caso de ter culpas no cartório?


segunda-feira, 26 de julho de 2021

O DONO DOS SEGREDOS DISTO TUDO

Não deixo de ficar perplexo com o descaramento de quem se diz que disse ser "o dono disto tudo". O homem livra-se de comparecer em tribunal ao abrigo de uma lei que o livra por ter mais de 70 anos e correr o risco de apanhar o vírus na sala de audiências. Mas já não corre risco algum se acaso se passear na Sardenha, como já se viu, como um turista, sem máscara, porque supostamente na Sardenha nem "conhecem" o vírus.

Enquanto esta contradição se passa sob as barbas do povo, a Justiça cofia a própria barba e parece que aos "costumes diz nada".

O "dono disto tudo", parece também "controlar isto tudo". Até o vírus controla ou, pelo menos, serve de referência para controlar a ausência nas salas onde o Covid anda à solta e permite que ele ande despreocupado na estranja com o vírus a fugir dele a sete pés.

Que segredos manterá em segredo aquele que mais me parece ser o "dono dos segredos disto tudo"?

quarta-feira, 21 de julho de 2021

MINISTÉRIOS NO FEMININO

Devo esclarecer que a crítica ou a alusão mais depreciativa que faço no blog, não é devida a qualquer má vontade ou oposição partidária, sendo certo que, para mim, o Poder está mais sujeito ao sufrágio da censura. Isto não quer dizer que o aplauso não possa ser aberto a quem governa, no caso de, no modesto entender e percepção do comentador (que, ao caso, sou eu) esteja a fazer um bom ou óptimo trabalho.

Dito isto, quero enfatizar dois nomes deste Governo que sobressaem pela positiva e pela boa governação, tanto mais que o fazem num período muito difícil para as duas pastas que ministram. São o caso da Ministra da Saúde, Dra. Marta Temido, e o caso da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Dra. Ana Mendes Godinho.

Tanto um como outro destes ministérios estão numa fase crítica pela situação criada pela pandemia, talvez até dos períodos mais difíceis desde 1974 (para só citar o período democrático). No que toca à pasta da Saúde, ninguém duvidará que tem sido das mais exigentes, tanto mais que se observa, a nível mundial, um constante estudo e aperfeiçoamento das medidas que resultam da ciência médica e epidemiológica.

Ambas as ministras - com ainda maior aplauso e agradecimento à da Saúde - têm conseguido trabalhar com afinco, atenção e cuidado, colocando no prato da balança o contrapeso que procura equilibrar os erros e partes gagas de outros ministérios, alguns muito mal geridos.

Eu tinha que escrever isto, a minha consciência cívica, o meu dever de cidadania, impunham-no. Perante este quadro, quer-me parecer que se existem quotas de género que obrigam ao equilíbrio e impõem mulheres na administração, para além de se tornar mais natural que a competência não tem género, não sei se a inversão, pelos vistos, não seja mais curial - quotas para o género masculino; principalmente quando haja representação equivalente e manca como a do actual ministro da Administração Interna.


segunda-feira, 19 de julho de 2021

OS ACELERAS

 

No que toca a pôr o pé no acelerador, não há "pai" para este Governo; pelo menos para os dois amigos, com as mesmas iniciais de apelido - Costa e Cabrita. Poderão os habituais defensores dizer que não iam eles ao volante, e eu acredito. No entanto, iam no carro, são eles que mandam e controlam, pelo menos com exigência de mais cuidado e responsabilidade, se souberem o que isso é.

Supõe-se que Cabrita ia pelos 200 km/hora na altura do acidente, mortal para um trabalhador da estrada. Supõe-se que Costa ia à mesma velocidade, porventura a pensar na bazuca. E isto de supor tem a sua razão de ser: os radares-tesouraria à beira das estradas estão lá só para apanharem o pagode-pagante, o zé-ninguém, o "tuga", enfim o cidadão "vulgar de Lineu". Quanto ao risco de circular a esta "mecha", que num dos casos até "voava" no alcatrão com um carro apreendido, não parece contemplar estas criaturas; só há risco quando o cidadão que não governa, como eu, passar os 120 km/h na auto-estrada.

Da impunidade de Cabrita, nem vale a pena falar. Está protegido. Da impunidade de Costa, que também está protegido, quer a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M)  saber se as forças policiais detectaram o carro de António Costa na A1 a circular a 200 km/h. Podem esperar sentados.

Não estará esta gente à beira de dar lugar a outros? Como diz o povo: o que há-de ser ao tarde, que seja ao cedo.