sexta-feira, 26 de junho de 2020

EFEMÉRIDE: BODAS REAIS EM TRANCOSO


Na posse do trono desde 16 de fevereiro de 1279, chegado aos vinte e um anos, pensou em arranjar esposa, para o que enviou procuradores com o fim de pedirem para si a Infanta Isabel, filha do rei de Aragão. Foi aceite o seu pedido, realizado o com trato por carta, em Barcelona, em 11 de fevereiro de 1282. Quatro meses depois, D. Dinis escolhia a vila de Trancoso para receber a que viria a ser sua esposa. Aqui, em Trancoso, se celebrariam os esponsais, aventando alguns autores (sem muita certeza) a data de 26 de junho e outros a data de 24 do mesmo mês. O ano do fausto enlace, esse é certo, é o de 1282.

 A noiva, Isabel, assim chamada em memória de uma tia, Isabel da Hungria, era filha de D. Pedro III de Aragão e de sua mulher, D. Constança. Foi em 1281 que se tratou das bases do contrato do seu casamento com D. Dinis o que, na altura, era muito comum: o casamento era um negócio entre as famílias nobres.
Para as negociações do casamento, D. Dinis enviou a Barcelona os seus procuradores João Martins, João Velho e Vasco Pires.

D. Dinis recebeu Isabel na igreja de São Bartolomeu-o-Velho (de que hoje não restam vestígios), matriz de uma das freguesias da vila e, possivelmente, o maior templo aqui existente.
Realizado o casamento em Trancoso, estando presente a maior parte da nobreza da corte, seguiram-se grandes festejos.
As festas e as justas prolongaram-se por vários dias, construíram-se "custosas" casas para o efeito, engalanou-se a velha e desaparecida igreja de S. Bartolomeu o Velho. Foram, segundo muitos autores, as maiores festas que até então se realizaram em Portugal. A elas acorreu gente de todo a parte e o jovem e régio casal permaneceu por esta terra durante todo o mês de julho, retirando por fim para a Guarda.

A escolha do rei não foi por acaso. Trancoso era uma importante vila, bastante populosa e em pleno desenvolvimento. Possuía, só para comparação, tantos tabeliães quantos os que tinham Viseu e Pinhel juntos. Dessa importância, sai como testemunho o facto de o rei ter oferecido esta vila à rainha, sua esposa. E tanto um como o outro aqui vieram e permaneceram em outras ocasiões.

(texto e desenhos de Santos Costa)

segunda-feira, 22 de junho de 2020

UM ANIMAL QUE ADMIRO


Apontam as estatísticas um decréscimo em 95% do número de tigres em relação aos primeiros anos do séc. XX. E afirma-se que o Panthera tigris, o mais enigmático destes felinos, continua a extinguir-se.
O certo é que das oito espécies de tigres, três estão consideradas extintas ou quase extintas: os tigres de Bali, do Cáspio e de Java; o tigre de Bengala; o tigre de Sumatra.
Embora seja ilegal e penalizada, a caça furtiva ao tigre continua a fazer vítimas, sendo que a razão desse abate prende-se com o comércio de ossos, dentes e bigodes utilizados na medicina chinesa e pagos a altos preços. Também a deterioração do habitat devido à desflorestação, é um outro problema, retirando espaço aos tigres e obrigando-os a aproximarem-se dos aglomerados humanos, onde são mortos.
O reduzido habitat também é causador de deficiências genéticas nas novas gerações, dado que o acasalamento reduz a um muito menor número de machos e fêmeas.

(Do meu próximo livro intitulado Elucidário, com textos e desenhos da minha autoria)

domingo, 14 de junho de 2020

ELUCIDÁRIO - "Os Miseráveis", de Victor Hugo

Estas "tábuas" fazem parte dos meus apontamentos, escritos e desenhados, a que pus o título genérico de "Elucidário". Embora sejam colocadas, com mais assiduidade, em outro dos meus blogs, de vez em quando virão parar também a este.
Talvez, quem sabe, um dia poderei publicá-las em papel impresso.

terça-feira, 9 de junho de 2020

O CROCOLONTRA


O desconfinamento pandémico parece ter sido recebido de braços abertos e resultou de tal forma, que até foi avistado no rio Douro um crocodilo de outro rio, o Nilo, que corre para outros mares bem longe dali. Ora, ora, de mais longe veio o Corona e chegou atá aqui! Será mais um motivo para os passeios turísticos no Douro, se acaso se confirmar que é mesmo um réptil com o peso de um quarto de tonelada. E um perigo para quem por ali faz a sua vidinha, pois o réptil, apesar de figurar como logo de uma marca de t-shirt’s, não é para graças!
Isto, segundo as notícias, ocorreu no Douro espanhol, ali perto de Simancas. A crer-se na vista apurada de quatro testemunhas espanholas – que não usarão óculos nem levariam máscaras para os embaciar – o bicho estaria com poiso certo entre o rio Pisuergo e o Douro e seria levado para ali com a finalidade de meter medo ao medo.
Como mais ninguém lhe pôs a vista em cima – só a vista porque com 250 kg. não se deixava cavalgar – há quem diga que é uma mais acanhada e modesta lontra, o que torna o caso sem lugar a notícia.
Sabe-se, no entanto, que do Nilo até ao Douro, não vinha o crocodilo a quatro patas; e que, para ganhar aquele peso, não andaria pelos restaurantes confinados do lado de lá da fronteira ou a banquetear-se nos galinheiros das aldeolas. Por isso, creio que possa ser uma lontra e que os “avistadores” devem ser encaminhados para uma consulta óptica ou, simplesmente, com direito a quatro ingressos graciosos num jardim zoológico.