sexta-feira, 30 de abril de 2021

PAR OU PERNÃO

Desde já aviso que o "par ou pernão" é o nome de um jogo popular com pinhões, caído em desuso como outros que não metem dinheiro.

Posto isto, vou falar de uma notícia que li algures e reli ainda mais algures sobre uma festa com tudo para a desbunda e rebaldaria. 

A coisa passou-se no concelho de Valongo, mais propriamente em Ermesinde. Em pleno estado de emergência, o pagode, alinhado na festa, participou naquilo a que se chama "swing", que mais não é do que a troca de casais em estado de urgência ou de indecência, consoante o lado que aprecia. Ao ler, ainda julguei que se tratasse de uma festa de "swing" musical, onde sentadinhos nas suas mesas, os presentes apreciariam um espectáculo de "jazz", assim também chamado, muito comum nos Estados Unidos nos anos 30. A música, porém era outra.

Mas, sendo a primeira hipótese, mais admirado fiquei por terem apanhado 89 presentes, em vez de 88 ou 90. Um par estaria despernado, ou estaria no banco dos suplentes.

Se ao menos tivessem feito aquilo num qualquer espaço do aeroporto mais a sul, o de Beja, que parece estar às moscas, as únicas que ali vão aterrando!

Nada tenho contra o evento. Cada um é livre de fazer o que quer com quem quer fazer o mesmo, até porque, apagando-se as luzes, o lema era apanhar o peixe que caísse na rede.

O que ainda me causa confusão é o número ímpar, como se se tratasse de uma assembleia com vista à votação e ponderando o desempate. Daí considerar que o jogo não era a pinhões, mas não deixará de ser "par ou pernão". Melhor ainda: chamado o plural, poderia apelidar-se de "pares ou pernões".

quarta-feira, 28 de abril de 2021

SÓ LHES FALTA SUBIR ÀS ÁRVORES

A agressão de que foi vítima um jornalista e repórter de imagem de uma televisão, ocorrida após o jogo de futebol entre o Moreirense e o FC Porto, é um acto de selvajaria. Podem-lhe chamar outro nome, pode a lei, na sua maneira de colocar paninhos quentes nas palavras (para alguns), lhe chamar outra coisa, que vai dar ao mesmo.

É evidente que não sei o que precedeu aquele acto, nem importa. Uma agressão, é uma agressão, mais grave ainda quando alguém se encontra a executar legitimamente o seu trabalho.

Situação semelhante a esta costumamos vê-la nos documentários da Natureza, geralmente com animais que reagem segundo o seu instinto, mais em primatas que andam sobre as árvores, com ou sem cauda. Ora, nessas imagens, não consta que o agredido seja repórter de imagem.

Não tenho nada contra o clube do coração do agressor, que neste caso até era o visitante do Porto. No entanto, creio que, tratando-se de um seu convidado ou membro do "staff", a sentença (em caso de condenação) devia também incluir a colectividade desportiva, tal como acontece quando os adeptos passam das marcas. Há imagens que reproduzem a atitude, embora eu nem creia que isto tenha algum cabimento na justiça, porventura com a mesma desculpa de não serem autorizadas. Quanto ao resto, o poder do futebol consegue transformar isto tudo em sua prol, nem que seja com um raminho de salsa e um dente de alho.

Finalmente: presumo que o recinto tinha segurança proporcionada pela GNR. Mas não se notou.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Ai, QUE PENAS!

Um activista que interrompeu o primeiro-ministro, em 23 de Abril de 2019, no jantar de aniversário do Partido Socialista, realizado no Centro de Congressos de Alcântara, foi acusado pelo Ministério Público de desobediência qualificada e arrisca até 2 anos de prisão.

O jovem, que então contava 22 anos de idade, interrompeu o discurso de António Costa, na qualidade de líder do partido, nesse jantar, manifestando-se com outros cinco contra a criação do aeroporto no Montijo.

Não ponho em causa a condenação do acto de interrupção do discurso, que é ilícito como perturbação de um jantar, dado que a liberdade de reunião é um apanágio da Democracia, coloco em causa o englobamento e o resultado jurídico da perturbação, o qual pode levar até uma pena de 2 anos atrás das grades.

E porquê?

Simplesmente porque o molde penal para um caso destes é praticamente semelhante – com uma moldura pouco menor –  ao que pode ser aplicado a José Sócrates, em caso de condenação, caso prossigam em julgamento os crimes passados no crivo da fase de instrução.

Não o devia dizer, mas digo: mete pena tal código penal.

 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

O FUTEBOL DOS PODRES DE RICOS

Esta só lembraria  aos donos disto tudo do futebol: a criação de uma Superliga europeia da modalidade, uma espécie de clube privado, para os que têm milhões a abarrotar nos cofres.

No negócio dos milhões dos Superligados estão clubes como AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, a nata de Inglaterra, Espanha e Itália, cuja progrediu à conta de jogadores que não são naturais desses países. A esses, prometeram os da ideia juntar mais, que sejam igualmente podres de ricos, para formar 20. O torneio dos Vinte ou  cinco torneios do jogo da sueca, mas não a copos de vinho.

Era como se, em Portugal, Sporting, Porto, Benfica e Sporting de Braga criassem uma superliga, afastando os demais.

Contra o cambalacho indecente saiu a UEFA, de varapau em riste, e avisou a camarilha daqueles clubes. Irá impedir os jogadores que participem na nova Superliga Europeia de representarem as suas selecções. Igual posição demonstrou a FIFA ao enfrentar os “donos da nota”, ameaçando que impediria de participar nas suas competições qualquer clube ou jogador que integrasse uma eventual competição de elite, disputada por convite por alguns dos maiores clubes europeus. Assim sendo, naquelas equipas estão, neste momento, nove internacionais portugueses.

À frente desses clubes estão os craques do petróleo, da banca e dos negócios que ninguém sabe, pelo que o dinheiro é tanto que nem sabem como gastá-lo.

Se esta cambada fosse bem tributada, a mioleira não faria nascer disparates deste género.

 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

O PAÍS INFERNAL

 

Segundo li hoje num jornal que transcreve uma escuta telefónica entre o homem de que se diz ter dito ser o dono disto tudo e aquele que não é culpado de nada, o primeiro disse, nessa conversa tida em Novembro de 2013, que "este país está infernal".

Imaginem os leitores deste humilde blog: se o país, para aqueles dois, estava infernal, que classificação teria para o resto da população? Decerto não diriam que estava paradisíaco. Se era infernal com tão grande regabofe, que se diria se não houvesse um lupanar de promiscuidade entre política e banca?

Quem ouvisse aqueles dois praças, que não sabiam estar a ser escutados, havia de julgar que se lamentavam do tempo de espera na fila para se candidatarem ao rendimento social de inserção.

Assim compreendendo, sendo um pais infernal, teríamos ao leme um bando de satânicos ou, no tratamento popular de Diabo por Tinhoso, um bando de tinhosos.

Se os famosos contistas irmãos Grimm tivessem a oportunidade de reescreverem a fala da rainha má e da sua enteada Branca de Neve, certamente a pergunta que a maldosa madrasta faria junto ao espelho de barbear, colocando-se na pele destes ginjas, seria: "espelho meu, espelho meu, existe no mundo alguém mais corrupto do que eu?"

sábado, 10 de abril de 2021

A JUSTIÇA NA MARQUESA

Vou escrever sobre a dita Operação Marquês e da decisão instrutória ontem lida pelo respectivo juiz, a qual terá penado 7 anos, tal como Jacob  serviu Labão para conquistar Raquel em vez de Lia. Ou ainda, no campo das conjecturas e por se tratar de uso de vestuário escuro, com o atraso de 7 anos equivalente ao tempo de azar a quem mate um gato preto.

Os livros de Direito não devem ter a mesma leitura para todos; ou, pelo que me parece, devem vir impressos com uma escrita figurada, que não pode ser lida por qualquer letrado. Talvez um decifrador de hieróglifos como François Champollion, aquele que conseguiu ler nas cobras, olhos e passarada, a indecifrável Pedra da Roseta (Roseta que nada tem a ver com Rosa). Talvez seja em alfabeto tebano ou etrusco, coisa que só se aprende ao poder de muita persistência nas respectivas Faculdades.

Como é evidente, não cabe a um leigo como eu, comentar se foi bem ou mal decidido o que foi decidido, pelo que não irão ler sobre isso e podem parar a leitura por este parágrafo.

No entanto, não deixo de ficar perplexo com tanta queda no que toca aos crimes imputados e às prescrições apontadas segundo a ordem do calendário do Direito.

E mais. Ao ouvir ler o arrazoado judicial, fiquei na dúvida se o arguido não seria o Ministério Público em vez de Sócrates e companhia.

Tenho para mim que entre juízes e magistrados há uma surda animosidade e concorrência, tal como entre os vários ramos das forças armadas. E a Justiça perde com isso. E a Justiça perdendo com isso, perdemos nós todos.

Não foi a Justiça que se ocupou da Operação Marquês; a própria Justiça é que se deitou na marquesa - está doente.