sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

CORRER A FOGUETES


“Correr a foguetes” é uma curiosa expressão popular que significa, entre outras coisas, cansar-se por coisas inúteis.
Vem isto a propósito das notícias falsas que circulam, à compita com os “memes”, por essas rodovias digitais com o mesmo à vontade dos drones sobre os campos de aviação e aeroportos.
Se se trata de brincadeira, é de mau gosto, porque alguém sai comprometido, e esse alguém não é o editor-sombra da coisa; engana os tolos e os sisudos, os prevenidos e os desprevenidos muito mais. Causa embaraços, dissabores, põe em causa a democracia e o bom nome dos visados.
Se se trata de coisa séria, só pode ser com intuito de ludibriar e confundir, na maioria das vezes com finalidades miserandamente obscuras.
Ainda estou para saber – e à espera que o Polígrafo o esclareça – sobre um tal médico que se dispôs a desempenhar o serviço de anestesista na Maternidade Alfredo da Costa (ainda por cima, onde eu nasci), pela soma de 500 euros à hora ou se, como a versão oposta afirma, ele terá dito que nem por 500 euros à hora! A ser verdade, isto não é propriamente correr a foguetes; antes, sendo uma variação imprevista do Juramento de Hipócrates, é correr ao mergulho do arco-íris, onde a tradição assegura haver por ali um pote de ouro. Se é notícia falsa, e vindo de onde veio, até me custa a crer que uma tutela possa lançar esta perplexidade, imitando decerto os tais noticiosos da sombra.
Quanto à falsidade das notícias, para mim, que assino e subscrevo tudo o que publico, a coisa não enquadra no meu carácter. E como estamos em maré de querer alterar os provérbios – pelo que já li qualquer coisa sobre esta alarvidade relativamente aos animais – vou mexer num e introduzir mais um elemento, o das “notícias falsas” ou "fake news" (com um pedido de desculpas ao feminismo, embora o rifão já assim o diga): “fake news”, ditos de criança e repentes de mulher, aproveite-os quem quiser.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

UMA PRENDA ESPECIAL


Tendo certo fidalgo umas diferenças com um lavrador, quis tirar-lhe da mão um pau que trazia, para lhe dar com ele;
porém, o lavrador recusando-se, disse-lhe:
- Busque vossemecê outro, que este não lhe faltará que fazer.
Capacito-me que andam para aí uns fidalgos a pedirem o pau ao povo para lhe amolgarem as costas com ele. Quem diz o pau, diz impostos e alcavalas, derramas e outras mamas, se não outros ardis cobrados por terceiros para os cofres da coisa pública (de que nem o público goza), tudo para derrancar o pagante sem que este diga “chega”.
Não sei por que razão me deu para escrever isto em dia de Natal, mas tenho para mim que este aviso vai em forma de presente para alguém – algum fidalgo – o desembrulhar.

sábado, 22 de dezembro de 2018

OBEDIÊNCIA VERSUS DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Prometi-me não tecer comentários políticos neste blog. Não sei até que ponto possa cumprir essa promessa, se bem que o tente, pois se censuro uma situação de poder, critico o partido que exerce o poder, e se critico a forma do exercício da oposição, censuro a oposição. Estou equidistante de todas essas forças, pretensamente cada vez mais distante.
Vem isto a propósito do arremedo dos coletes amarelos portugueses, numa imitação menos conflituosa e numerosa relativamente à mesma cor dos coletes franceses.
Só me pronuncio sobre a lusa gente contestatária, para dizer simplesmente que posso não concordar com a forma, mas certamente concordo com o conteúdo. Um povo, seja ele qual for, tem o direito de se manifestar ou, como os políticos apreciam dizer, de passarem à desobediência civil.
A obediência é sinal de estatuto democrático; o estatuto da desobediência é sinal de democracia. Não é a génese da própria a  palavra “poder do povo”? Ou o poder exercido pelo povo nas eleições significa entrega total a todos os disparates dos eleitos? No Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não se exige, como direito, na suma concretização dos seus 30 artigos, “para que o homem não seja compelido, em supremo recurso (eu acrescentaria legítimo recurso), à revolta contra a tirania e a opressão”?
Não aprecio povos anestesiados ou arregimentados a ideologias cegas; nem me agrada de todo confiná-los a quatro paredes vãs de oratória ou a tentativas da morte da democracia, que é o seu sangue, como pretender roubar-lhe a vida nos extremismos da política, por alma de quem nem se permita rezar uma oração.
Beel-Zebud, que parece ter sido um deus filisteu (de que proveio o apelido Belzebu), teria o condão de afastar as moscas dos seus templos. Daí ser conhecido como o deus das moscas. Não me parece que se possa permitir a encarnação política de Beel-Zebud nos tempos que correm, nem o povo deve ser confundido com as moscas que atormentam o seu templo de poder.
Embora em Portugal, pelos tempos que correm, felizmente ainda não se chegasse a tanto, tenho para mim que a obediência civil não pode conduzir a subserviência civil, nem os poderes são eternos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

BOAS FESTAS PARA TODOS


São estes os desejos do autor do blog para os não necessitados, os menos necessitados, os necessitados e todos aqueles que os podem ajudar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

OS BOMBEIROS, UM MINISTRO E A PROTECÇÃO CIVIL


Muito antes de haver ministros já havia bombeiros; e muito antes de existir Protecção Civil já aqueles nos protegiam.
Não me quero meter na guerra, principalmente porque não conheço as razões de um lado e do outro. Sou, todavia, como cidadão, avesso a extremar de posições e de todo reconhecido a quem executa, no campo e na cidade, as tarefas de combate ao flagelo do fogo descontrolado.
Se há alguma razão ou desconsideração para com os bombeiros portugueses – pois eles se queixam – deve o Poder ouvi-los em vez de os enfrentar e confrontar. Ouvi o Sr. Ministro, ouvi o responsável da ANPC e não vislumbrei nas suas palavras qualquer nota de apaziguamento, como se o fogo se possa apagar com gasolina. Não basta dizer que os bombeiros são “a grande força da estrutura da protecção civil", se não forem reconhecidos como tal.
Por isso, espero que o Sr. Presidente da República coloque as suas capacidades ao serviço e a bem de quem merece a consideração dos portugueses.