Vai para uma semana completa que fui atacado. Atacado à traição. Sem saber
de onde, quando e como, um vírus qualquer atacou o meu sistema respiratório e,
ao contrário daqueles que aparecem no sistema informático, não exigiu bitcoins
para resolver o problema. Também não lhe valia na nada… Nem a mim.
Não fui à cama, a não ser para dormir, mas passei mal,
fugindo da família e dos amigos, espirrando pelos cantos, tudo à socapa,
assoando-me a milhares de papéis apropriados, sentindo as pernas doridas como
se percorresse metade da Nacional 2 em bicicleta. À noite, mais à noite, a
cabeça desabava em rodopios, como se em vez de uma, estivesse dividida em sete
ou mais, tais as da Hidra; o nariz parecia o de um dragão que expelia mucos em
vez de chamas; acordava, suado como se acabasse de sair de um banho finlandês,
parecendo-me que ainda conseguia perceber o cheiro do enxofre e ouvir o piar do
mocho. A tudo isso acrescia a torrente de lágrimas sem pranto.
Uma semana! Sete dias malbaratados numa época que se deve
aproveitar pela pausa e convívio familiar, deixando ouvir uma voz ora roufenha
ora cavernosa, rosto encoberto por máscara verde como se estivesse para entrar
na sala de operações ou para assaltar um bando pelo lado de fora.
Perante isto, vocês não tinham vontade de se deitar a um
poço? Eu tenho.
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