segunda-feira, 22 de abril de 2019

VÍRUS, PARA QUE TE QUERO?


Vai para uma semana completa que fui atacado. Atacado à traição. Sem saber de onde, quando e como, um vírus qualquer atacou o meu sistema respiratório e, ao contrário daqueles que aparecem no sistema informático, não exigiu bitcoins para resolver o problema. Também não lhe valia na nada… Nem a mim.
Não fui à cama, a não ser para dormir, mas passei mal, fugindo da família e dos amigos, espirrando pelos cantos, tudo à socapa, assoando-me a milhares de papéis apropriados, sentindo as pernas doridas como se percorresse metade da Nacional 2 em bicicleta. À noite, mais à noite, a cabeça desabava em rodopios, como se em vez de uma, estivesse dividida em sete ou mais, tais as da Hidra; o nariz parecia o de um dragão que expelia mucos em vez de chamas; acordava, suado como se acabasse de sair de um banho finlandês, parecendo-me que ainda conseguia perceber o cheiro do enxofre e ouvir o piar do mocho. A tudo isso acrescia a torrente de lágrimas sem pranto.
Uma semana! Sete dias malbaratados numa época que se deve aproveitar pela pausa e convívio familiar, deixando ouvir uma voz ora roufenha ora cavernosa, rosto encoberto por máscara verde como se estivesse para entrar na sala de operações ou para assaltar um bando pelo lado de fora.
Perante isto, vocês não tinham vontade de se deitar a um poço? Eu tenho.

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