sábado, 6 de julho de 2019

ONDE LEVANTO O MEU OURO?


Numa conferência, Fabien Cousteau, que é neto de uma pessoa que admiro (Jacques Cousteau, explorador oceânico) afirmou que há ouro suficiente a flutuar nos nossos oceanos para dar a cada habitante do planeta oito quilos.
Até agora só me têm trazido notícias que haveria oito quilos de plástico e outros desperdícios a entregar a cada habitante, o que nenhum quer, embora todos contribuam para semearem essa porcaria nas águas do mar. Sendo assim, esta notícia, se bem que aparentemente mais me agrade, não me deixa sossegado. Ela pode constituir um chamariz para os “garimpeiros” que até aqui procuravam o ouro dos galeões afundados, geralmente de portugueses e espanhóis. Gentes destas, ao chamariz deste faro, são como os touros e rinocerontes, investem sempre de corno em riste. E isso significa que os tubarões da superfície da terra irão mergulhar com os tubarões que já existem no mar, sendo os primeiros muito mais perigosos e insaciáveis. Depois da façanha, que nada tem de científico nem de escrupuloso, são muito bem capazes de abicharem medalhas por serviços distintos.
Para sossegar os presentes na conferência, alguns talvez a pensarem que iam sair à “papo-seco” para darem um salto a casa e vestirem o fato de mergulho, Fabien pediu: - “Por favor, não vão a correr.” Ele devia ter avisado também, para além de aconselhar quem quer que seja a não ir a correr e a saltar, que o ouro não anda por ali aos pontapés das barbatanas e não é um material que flutue como as alforrecas. Há até, acima do nível do mar e com os pés assentes em terra, quem tenha mais ouro, geralmente aqueles corações de platina e almas de diamante que andam pelas páginas da Forbes, trajando no requinte um fato Armani ou desenhado por Alexander Amosu, gravata Christian Lacroix, sapatos Jimmy Choo ou Gucci, camisas Versace e outros adereços interiores como meias Pantherella, as quais custam o dobro do fato de casamento de um cidadão normal. O garimpo daqueles faz-se sem sujar as mãos (fisicamente, pelo menos) e sem molhar os pés.
Não estou interessado nos oito quilos, até porque, fazendo bem as contas com atenção aos custos de pesquisa e transporte, taxas alfandegárias, impostos, ivas e demais alcavalas, se entregassem a cada patrício 10 gramas, já era muito. Por isso, quanto à minha parte, deixem-na estar onde está.


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