Tal como acontece com o vírus, todos tememos os
perigos que não vemos. Desde miúdos, temendo que na escuridão esteja escondido
um monstro, levava-nos a não entrar num quarto escuro. Ora, para que isso não
acontecesse, bastaria a garantia de um adulto de confiança para nos esclarecer
que ali não havia mais nada senão móveis; e assim entrávamos sem necessidade de
luz.
Ontem, pelas palavras lidas num papel por Marta
Temido, ministra da Saúde, fiquei a saber que no quarto escuro é possível
existir um monstro no segredo das estatísticas. Fiquei a saber que o segredo
das estatísticas deve ser guardado a sete chaves para não contaminar. E a
senhora Temido, que teme que nós saibamos (ou para nos pôr mais temor), recorre
a este novo monstro e aplica a receita já empregue na China, na Rússia e em
outras “democracias” que leram nos livros de Estaline.
Como o segredo das estatísticas é altamente
contagioso, devem todas as entidades que integram o Ministério da Saúde, em
especial as autoridades locais e regionais de saúde, enviar a informação
atempada e consistente para o nível nacional. Suponho que o farão em baú
fechado, de acesso com código secreto, transportado em carrinha celular,
guardada à vista. E quem, mesmo assim, violar o segredo das estatísticas,
arrisca-se a ser condenado e detido, talvez para preencher os lugares
recentemente vagos nas cadeias.
Seria já o segredo das estatísticas que levou, no
início desta pandemia, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, a garantir em Janeiro, que achava "um bocadinho excessivo" a possibilidade de
contágio do coronavírus entre humanos, dizendo até não existir "grande
probabilidade" de o vírus chegar a Portugal? Ele vê-se!... Este é um exemplo, e não fosse porque a OMS
reservasse o tal segredo das estatísticas. Anteriormente a esta “garantia” da
DGS portuguesa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já tinha alertado para a
possibilidade de contágio entre humanos. Não sei é se a OMS reservou mesmo o tal
segredo das estatísticas.
Fico a saber que este segredo das estatísticas é mais bem guardado que o segredo de justiça, que anda pelos adros anunciado a toque de clarim. E fico a saber que, retirando este anúncio ao povo, se propaga pelos etiquetados ignorantes à guisa de metáfora rifoneira - "quem nasce burro, morre besta".
Já nem sei, com tantos medos, qual se deve temer
mais. Talvez todos, pelo que vale o sacrifício de ficar em casa, de roupão enfiado,sem ouvir tantos
disparates.
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