quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O "SAPO" SALTOU POR CIMA DO CASTELO

 É meu costume, em lapsos de pachorra, ler os conteúdos do SAPO-Viagens, uma forma de viajar sentado sobre uma cadeira cujos rodados não ultrapassam o perímetro de escritório.

Faço-o frequentemente com agrado, à excepção de um dos últimos trabalhos ali publicados. Apresentou-se manco, talvez porque o título lhe quebrou uma das pernas. E o caso, que fiz chegar à direcção daquela secção (e que não teve resposta, até agora), foi a propósito da omissão feita ao castelo de Trancoso.

Vi mais de uma dezena de fotografias escolhidas para a rubrica, desta feita intitulada "Imponentes e repletas de histórias. Eis as mais belas muralhas em Portugal". Sendo as mais belas, pelo enquadramento da maioria das fotos, não se nota. Se foram apresentadas muralhas repletas de história, não necessariamente podem ser as mais belas, porque algumas destas nem história repleta têm (como o actual castelo de Leiria). Se são as mais belas, ficaram muitas por exibir - exemplo o castelo de Penedono, que não é repleto de história, por ter sido reconstruído no séc. XIX. Mas é belo.
Já não direi da omissão do castelo de Trancoso, um dos mais históricos e que mantém a beleza desses tempos idos. Leiam a estrofe 64 do canto terceiro de Os Lusíadas. E vejam que, por ter sido ele destruído pelos mouros, D. Afonso I passou à espada todos os habitantes de Beja. 

A escolha do(s) autor(es) pode ter sido aleatória ou ter correspondido a algum padrão do editor. Será apenas visto aquilo que nos é mostrado. E terei de aceitar que esta omissão nada terá a ver com o facto de o CEO da empresa que detém o "batráquio" nome e logotipo estar ligado a este castelo de Trancoso, pois decerto ele nem terá conhecimento desta peça.
Se tivessem colocado - Eis algumas das mais belas muralhas em Portugal - não me teriam por este reparo. Mas não: exibiram as mais belas, as outras nem belas serão - e muito menos imponentes. A questão está no título. Julgo eu...

À falta de melhor, deixo aqui e agora este desabafo.


4 comentários:

  1. Não é só não falar do Castelo de Trancoso... não falar da cintura muralhada da vila medieval é uma falta inacreditável.
    É um monumento como poucos no nosso país!

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    1. Tem razão. A cintura de muralhas, franquedas até há alguns anos, pelas portas de acesso - e eram três, ainda com a entrada do Boeirinho - não são vulgares no País.
      No entanto, sem demérito do artigo do SAPO em causa, o título ainda faz mais confusão que a própria omissão. Fala das "mais belas" (as que apresenta), como se não existissem outras também belas. Teria remediado se dissesse "algumas das mais belas", embora eu ainda não descortine da beleza das que foram apresentadas (talvez pela fraca qualidade do enquadramentos das fotos). Nem das imponentes e repletas de história, a não ser da carochinha.

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  2. Tenho para mim que foi um mero lapso de escrita do autor.Só pode!
    Trancoso, o seu Castelo, as suas Gentes, transpiram História, a nossa História. Seguramente, um dos Sítios mais Belos de Portugal! Obrigado Santos Costa, pelo seu Amor e Dedicação a estas e outras Causas. Grande Abraço.

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    1. Caríssimo Amigo
      Por vezes somos levados por sentimentos de matriotismo (o termo nem sei se existe, mas é o feminino de patriotismo), sendo o meu caso mais isento quando nem sequer nasci em Trancoso.
      Por isso, julgo eu, há também algum sentido de justiça no meu post, pois que encontro na peça em causa algum pretexto de evidenciar um bonito texto com mais bonitas imagens, o que nem é o caso na maioria das segundas.
      Já obtive resposta da editora SAPO-Viagens, infelizmente um pouco atrasada, pois evitaria que eu trouxesse o assunto para o adro público.
      Para além disso, como disse o comentador anónimo atrás, Trancoso possui uma cintura de muralhas que envolve a cidadela defensiva e a própria vila, com uma entrada digna de um bilhete postal. Trancoso reúne tudo o que o título da dita reportagem comporta; no caso de os autores não pretenderem o registo de Trancoso, bastava-lhes modificar o título, como apontei, ou escolherem outro que não fosse tão determinativo.
      Grande abraço

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